sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Estatuto do músico

(ato institucional permanente)
Aos aspirantes ao coro celeste

ARTIGO I: Fica decretado que toda comunidade tenha seu ministério de música, que o valorize, invista e confie nele.

ARTIGO II: Fica decretado que cada ministério seja perseverante no louvor, na eucaristia e nas reuniões em comum.

ARTIGO III: Seja permitido a cada ministro de música saber tocar e cantar muito bem, ser valente e forte e ter o Senhor sempre com ele. Que nunca deixem de buscar a renovação espiritual do Espírito Santo.

§ 1o Que se alegrem a cada dia por terem sido chamados ao mais sublime dos ministérios, o mais doce e afável.

§ 2o Que façam vibrar com a música de sua vida as alturas do trono de Deus com os anjos e com os santos e aqui na terra assombrem os homens com sua arte.

ARTIGO IV: Ficam proibidas as intrigas por menor que sejam, e as diferenças que houverem entre um e outro sejam consideradas não mais como motivo de divisões e partidos, mas como acréscimo de experiência e conhecimento.

ARTIGO VI: Seja do conhecimento de todos que a boa música nasce da escuta e que não haveria som se não houvesse silêncio.

ARTIGO VII: Seja permitido a todos contemplar a beleza do ser humano e todas as coisas criadas e cantar à beleza análoga de seu criador.

ARTIGO VIII:Fica decretado que todos os músicos, como artistas que são, sustentem com arte o louvor da Igreja e façam de onde passarem um lugar de alegria que não passa.

parágrafo único: Que sua música seja poderosa o bastante para dissipar toda espécie de mal que acometa o ser humano.

ARTIGO IX: Fica decretado que todos tenham a maturidade de Maria para guardar os acontecimentos nos seus corações e compor com eles um novo Magnificat.

ARTIGO X: Fica decretado que o músico deva aliar a unção à técnica para que sejam realmente eficientes em sua missão.

ARTIGO FINAL: Por decreto irrevogável fica estabelecido que os músicos, sempre e em todos os lugares, unam suas vozes e instrumentos para fazer soar um acorde perfeito em favor dos que não tem voz nem vez e sejam consonantes na luta contra a injustiça.

Binho, Teixeira de Freitas, BA, Abril de 2003

"Quem sou eu para vós?"

Papa Bento XVI Exortação Apostólica Sacramentum caritatis, 77 (trad. DC 2377, p. 335 © copyright Libreria Editrice Vaticana)

É preciso reconhecer que um dos efeitos mais graves da secularização é ter relegado a fé cristã para a margem da existência, como se fosse inútil para a realização concreta da vida dos homens; a falência desta maneira de viver «como se Deus não existisse» está agora patente a todos. Hoje torna-se necessário redescobrir que Jesus Cristo não é uma simples convicção privada ou uma doutrina abstrata, mas uma pessoa real cuja inserção na história é capaz de renovar a vida de todos.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

São Mateus: convertido, apóstolo, evangelista

Papa Bento XVI Audiência geral de 30/08/06 (trad. DC n° 2365, p. 826 © copyright Libreria Editrice Vaticana)


«Levantou-se e seguiu-O.» A concisão da frase põe claramente em evidência a prontidão de Mateus a responder ao chamado. Para ele isso significava tudo abandonar, sobretudo o que lhe garantia uma fonte segura de recursos, que era no entanto desonrosa e muitas vezes injusta. Mateus compreendeu pela evidência que a intimidade com Jesus o impedia de seguir uma atividade desaprovada por Deus. Facilmente se tira daqui uma lição para o presente: também hoje é inadmissível o apego a coisas incompatíveis com a caminhada de seguir a Jesus, como é o caso das riquezas desonestas. Certa vez, Ele disse sem rodeios: «Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que possuis, dá-o aos pobres e terás um tesouro nos céus. Depois vem e segue-Me» (Mt,19,21). Foi o que fez Mateus: «Levantou-se e seguiu-O». Neste «levantou-se» conseguimos ler um nítido repúdio pela situação de pecado e simultaneamente a adesão consciente a uma nova existência, reta, na comunhão com Jesus.

Continuamos a ouvir ainda, de alguma maneira, a voz persuasiva do publicano Mateus que, tornado apóstolo, continua a anunciar-nos a misericórdia salvífica de Deus, e escutamos essa mensagem de S. Mateus, nela meditando sempre, e de novo, sempre, para aprendermos, também nós, a levantarmo-nos e a seguir Jesus com determinação.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

“Jovem, Eu te ordeno, levanta-te”

Santo Ambrósio (c. 340-397), bispo de Milão e doutor da Igreja Tratado sobre o Evangelho de S. Lucas, 5, 89, 91-92


Mesmo que os sintomas da morte tenham afastado por completo a esperança de vida, mesmo que os corpos dos defuntos jazam perto do túmulo, ainda assim, à voz de Deus, os cadáveres preparados para a decomposição voltam a erguer-se, recuperam a fala; o filho é devolvido a sua mãe, é chamado do túmulo, é arrancado ao túmulo. Que túmulo é o teu? Os teus maus hábitos, a tua falta de fé. É deste túmulo que Cristo te liberta, é deste túmulo que ressuscitarás, se ouvires a Palavra de Deus. Ainda que o teu pecado seja tão grave, que não consigas lavar-te a ti mesmo pelas lágrimas do arrependimento, a Igreja tua Mãe chorará por ti, Ela que intervém a favor de todos os seus filhos, qual mãe viúva por seu único filho. Porque se compadece, por uma espécie de dor espiritual que lhe é natural, ao ver os seus filhos serem conduzidos à morte por pecados fatais. […]

sábado, 15 de setembro de 2007

A cruz, ponte lançada sobre o abismo da morte

Santo Efrém (c. 306-373), diácono na Síria, doutor da Igreja Homilia sobre Nosso Senhor
Glória a Vós! Lançastes a cruz como uma ponte sobre a morte, para que os homens por ela passem do país da morte para o país da vida...

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

«Sede misericordiosos como misericordioso é vosso Pai»

Santo Isaac, o Sírio (séc. VII), monge em Nínive, perto de Mossul, no actual Iraque Discursos ascéticos, 1ª série, n.º 81

Não procures distinguir o homem digno do que não o é. Que a teus olhos todos os homens sejam iguais para os amares e os servires da mesma forma. Poderás assim levá-los a todos ao bem. Não partilhou o Senhor a mesa dos publicanos e das mulheres de má vida, sem afastar de Si os indignos? Do mesmo modo, concederás tu benefícios iguais e honras iguais ao infiel, ao assassino, tanto mais que também ele é teu irmão, pois participa da única natureza humana. Aqui está, meu filho, um mandamento que te dou: que a misericórdia pese sempre mais na tua balança, até ao momento em que sentires em ti a misericórdia que Deus tem para com o Mundo.
Quando percebe o homem que atingiu a pureza do coração? Quando considerar que todos os homens são bons, e nem um lhe apareça impuro e maculado. Então, em verdade ele é puro de coração (Mt 5,8).

terça-feira, 11 de setembro de 2007

“Passou a noite em oração a Deus”

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África) e doutor da Igreja Carta a Proba sobre a oração, 9-10

Diz o apóstolo Paulo: “Apresentai os vossos pedidos diante de Deus” (Fil 4, 6); o que não significa que os damos a conhecer a Deus, que os conhecia ainda antes de eles existirem; mas que é pela paciência e pela perseverança diante de Deus, e não pela conversa diante dos homens, que saberemos se as nossas orações são válidas. […] Não é, pois, nem proibido, nem inútil rezar durante muito tempo, quanto tal é possível, isto é, quando tal não impede a realização de outras ocupações, boas e necessárias; aliás, ao realizar estas ocupações, devemos continuar a rezar por desejo, como já expliquei.
Porque não é por rezarmos durante muito tempo que estamos a fazer, como pensam alguns, uma oração de repetição (Mt 6, 7). Uma coisa é falar abundantemente, outra coisa é amar longamente. Porque está escrito que o próprio Senhor “passou a noite em oração” e que “pôs-Se a orar mais instantemente” (Lc 22, 44). Não terá querido dar-nos o exemplo, ao rezar por nós no tempo, Ele que, na eternidade, acolhe favoravelmente as nossas orações juntamente com o Pai?
Dizem que os monges do Egipto fazem orações frequentes, mas muito curtas, lançadas como setas, para evitar que, prolongando-se excessivamente, a atenção vigilante necessária a quem reza se disperse e se dissipe. […] A oração não deve comportar muitas palavras, mas muita súplica; desse modo, poderá prolongar-se numa atenção fervorosa. […] Rezar muito é bater durante muito tempo e com todo o coração à porta daquele a quem rezamos (Lc 11, 5ss.). Com efeito, a oração consiste mais em gemidos e lágrimas do que em discursos e palavras.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007