Tudo o que o ser humano tem, deve a Deus, e por isso precisa reconhecer e confessar essa dependência diante do seu Criador. Assim homens piedosos de todos os tempos o fizeram por meio da oração.
Mas, por ser dirigida a Deus, a oração deve necessariamente ser vinculada a Cristo, Senhor de todos e único Mediador. Unicamente por Ele temos acesso a Deus. De tal maneira ele incorpora a si toda a comunidade humana, que existe íntima relação entre a oração de Cristo e a oração de todo gênero humano. Em Cristo, e só nele, é que a religião humana alcança valor salvífico e sua finalidade.
Especial e estreitíssima relação existe entre Cristo e aquelas pessoas que ele assume como membros do seu Corpo, que é a Igreja, através do sacramento da regeneração. Com efeito, da Cabeça se difundem por todo o Corpo as riquezas do Filho: a comunhão no Espírito, a verdade, a vida e a participação em sua filiação divina, que se manifestava em toda a sua oração enquanto ele vivia neste mundo.
O corpo todo da Igreja participa também do sacerdócio de Cristo, de sorte que os batizados, pela regeneração e unção do Espírito Santo, são consagrados como casa espiritual e sacerdócio santo, e se tornam aptos para exercer o culto da Nova Aliança, culto que não provém de nossas forças, mas dos méritos e dom de Cristo.
"Deus não podia outorgar à humanidade dom maior que o de lhe dar por cabeça os seu Verbo, pelo qual criou todas as coisas, e de a incorporar ao Verbo como membro, de modo que ele fosse ao mesmo tempo Filho de Deus e Filho do homem, um só Deus com o Pai e um só homem com os seres humanos. Assim, quando na oração falamos a Deus, não separemos dele o Filho. Quando o Corpo do Filho está orando, não separe de si sua cabeça. O mesmo e único Salvador do seu Corpo, Nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, ore também por nós, ore em nós, e nós oremos a ele. Ele reza por nós como nosso Sacerdote, reza em nós como nossa Cabeça, e nós rezamos a ele como nosso Deus. Reconheçamos, pois, nele a nossa voz, e sua voz em nós". (Santo Agostinho, Enarrat in psalm. 85,1: CCL 39.1176)
Portanto, a dignidade da oração cristã tem sua raiz na participação da mesma piedade do Unigênito para com o Pai e daquela oração que lhe dirigiu durante a sua vida terrena que agora continua, sem interrupção, em toda a Igreja e em cada um de seus membros, em nome e pela salvação de todo o gênero humano.
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