quarta-feira, 20 de outubro de 2004

A oração de Israel

Lectio: Ester 14, 1-19 ou 4, 17m-17kk (vulg.)

A oração da rainha Ester manifesta a forma clássica de oração do povo de Israel encontrada, sobretudo, no livro dos salmos.
A primeira parte é um apelo ao passado. Quando o israelita clama pelo “Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó”, ele não apenas relembra os seus feitos, mas requisita para si a aliança contraída entre eles e Deus em favor de todo o povo. Assim o fiel recorda que é parte do povo da aliança e, nesta situação “confortável”, dirige-se confiante ao Deus a quem pertence.
Em seguida procede-se a anamnese, ou seja, o fiel “relembra” a Deus todos os seus feitos passados como um justo precedente para agir também no presente. Obviamente esta lembrança serve, não para Deus, mas para própria pessoa que ora, que, lembrando das façanhas dos antepassados, graças ao auxilio do Senhor, fortalece a confiança de sua alma e a prepara para fazer sua prece.
Outro elemento de fundamental importância para a eficácia da prece era, para o povo Israel, os méritos do fiel orante, como uma prerrogativa para falar com Deus e alcançar o que se pretende. Por isso, a sua terceira estratégia nesta forma de oração é falar da própria retidão e pureza. É como dizer ao Senhor: “fiz minha parte e espero que faças a tua”.
Por último o crente contrapõe a sua fé e equidade à descrença e iniquidade dos seus algozes. O inimigo do povo de Deus é, por conseguinte, inimigo direto do próprio Deus. Desta forma, quem ora reforça o pedido para que o Senhor se posicione ao lado daqueles que lhe pertence, destruindo os seus detratores.

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